Quase todos que me conhecem sabem que tenho
Senna em alta consideração. Quase todos se lembram que, amanhã, completam-se 20
anos do acidente fatal em Ímola. Morte esta que ainda não foi explicada – e talvez
nunca seja. A minha crença é de que o piloto sofreu um colapso nervoso ou algo
do tipo. O estresse que sempre acompanhou o brasileiro, ainda mais em 1994 –
quando a Williams sofria para se manter na pista –, fez com que ficasse
desacordado, impossibilitando-o de virar o carro ou freá-lo.
Mas eu não vim aqui para conjecturar sobre a
morte de Senna. Vim aqui para, primeiro, discordar das tentativas de
transformar o ídolo em mito, como se o piloto tivesse só virtudes. Ayrton tinha
defeitos como você e eu, e é desnecessário forçar a ele um pedestal que, nas
pistas, o gênio construiu naturalmente. Senna acertava e errava, foi vítima e
autor de jogo sujo. Enfim, foi de carne e osso, o que faz dele alguém ainda
mais especial.
Não há necessidade de enfeitar o piloto, encher
de artificialismos uma carreira vitoriosa. Mesmo com a morte prematura, Senna
foi um monstro. Se foi melhor ou pior que Schumacher? Não sei. Está aí uma
comparação dura de se fazer. O alemão conquistou sete títulos, algo que o
brasileiro, provavelmente, não conseguiria, ainda que tivesse uma carreira
completa.
Mas o número de títulos não é o único requisito
para definir o melhor dos melhores. Há a inteligência, e Prost foi supremo
nesse ponto, fato que lhe rendeu o apelido de professor. Só que Senna era capaz de fazer coisas inacreditáveis, e
nisso ele foi insuperável – seja nos treinos classificatórios, seja na chuva, nos
GP’s de Mônaco ou em Interlagos 91 e 93. Mesmo com carros sofríveis, Ayrton foi
histórico.
GP da Europa - Donington Park 1993
Ao subverter o previsível, anotou seu nome na
relação dos grandes que fizeram época. Sem ser perfeito e intocável, Senna
marcou a minha vida, como nenhum jogador do São Paulo FC ou da Seleção foi
capaz de fazer.
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