Ele: Você acredita em Deus?
Eu: Sim.
Ele: Mas você tem certeza de que Ele existe?
Eu: É evidente que não.
Ele: Mas, então?
Eu: Então, é isso. Aquilo que é certo existir, fruto das
minhas inferências racionais, não merece de mim nada mais do que minhas
certezas. Uma mesa é uma mesa, e eu não creio que ela exista, pois é ponto
pacífico que ela está ali, já que a vemos e podemos tocá-la. Não há
complexidade nisso. Há a existência simplória de algo.
Ele: E quanto a Deus?
Eu: É o que não podemos ver, tocar, cheirar, ouvir, enfim, é
aquilo que nos escapa aos sentidos. Ver, eu vejo a mim e a ti, pois tu e eu
somos banais, nada mais. Deus, não. Ele está no âmbito da fé, e pressupõe algo
maior: sabê-lo à nossa volta, ainda que nenhuma prova concreta nos leve a Ele.
É uma outra instância, a mais laboriosa de todas com a qual o homem se
defronta.
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