A imagem abaixo circulou aos montes nas redes sociais
durante o 1º turno das eleições. Ela faz um paralelo entre Tancredo Neves,
político de oposição à ditadura, e Aécio Neves, seu neto, que hoje
concorre à presidência pelo PSDB.
A montagem seria ótima, não fosse uma mentira evidente: caso
Aécio vença, ele não acabará com ditadura alguma, e por um motivo muito simples:
não há ditadura no Brasil.
O que os tucanos fazem – até de forma histérica – é atribuir
ao PT uma característica que não é dele. Porque as gestões de Lula e Dilma
tiveram problemas - que podem até justificar uma derrota da atual presidenta -, mas usar de leviandade nessa altura do campeonato é um
desserviço que a democracia dispensa.
Não há qualquer indício de autoritarismo petista: você vota.
O simples fato de poder escolher seus representantes faz do regime atual algo
oposto à ditadura.
Não há qualquer indício de autoritarismo petista: a imprensa
é livre. Empresas jornalísticas usam e abusam da liberdade pra denunciar –
muitas vezes sem provas – mal feitos do atual governo. Num regime de ditadura,
a imprensa é censurada, algo que está bem longe de acontecer aqui. O governo
fala, sim, na necessidade de um marco regulatório, justamente para democratizar
a mídia. Os brutamontes da comunicação, claro, não curtem o papo.
Não há qualquer indício de autoritarismo petista: as pessoas
se manifestam livremente. Vejo muitos baixarem o nível, xingarem a presidenta,
se posicionarem publicamente nas redes sociais ou nas ruas contra o governo. O
que acontece? Nada. Num regime ditatorial, não se admitem ofensas à autoridade
máxima do país, e a polícia acaba por abafar qualquer manifestação contrária ao
chefe do executivo. Algo muito próximo do que acontece, aí sim atualmente, num
certo estado do Brasil governado há 20 anos pelo... PSDB. No caso de São Paulo, a PM defende o poder
contra as revoltas populares. As manifestações do ano passado ilustraram bem
isso.
O eleitorado tucano, particularmente de São Paulo, se julga mais politizado. Traço marcante do reacionarismo é a intenção de tornar determinados grupos submissos. |
Não há qualquer indício de autoritarismo petista: entre 64 e
85, as forças armadas perseguiam, prendiam, torturavam e executavam gente da
oposição. Os chamados “subversivos”, como os milicos, cretinamente, se referiam
a quem contestava politicamente o cenário da época, ação que é legítima no estado democrático de
direito. E por quê? Porque a lei não atende a interesses de quem está no poder.
Quem está lá é, como qualquer outro, submetido pelos parâmetros legais. A maior
prova disso foi o mensalão. Gente do alto escalão do PT, partido que detém o
poder há 12 anos, foi julgada e condenada. Em uma ditadura, os políticos que
controlam o país estão isentos de cumprir a lei. Os militares deram aula nesse
quesito. FHC, já na democracia, também mostrou como fazer cagada, sem ser importunado.
O mais engraçado disso tudo: boa parte dos que afirmam que o
Brasil vive uma “ditadura petista” vê com bons olhos uma intervenção das forças
armadas. Segundo eles, “para acabar com essa pouca vergonha que está aí
instalada”. Esse pessoal se refere à ditadura militar como “um período que não
era tão ruim assim”.
As opiniões contrárias são saudáveis. Os 12 anos de gestão
petista têm falhas, especialmente o mandato de Dilma. Há, sim, argumentos para
não escolher o PT. Mas uma colher a mais de coerência e uma pitada a menos de
canalhice fariam um bem danado.
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