terça-feira, 18 de dezembro de 2012

“FIGURAS ENTRE OS PRIMEIROS”

Aos 23 minutos do segundo tempo aconteceu o que o jogo desenhava: o Corinthians marcava, com o peruano Guerrero, aquele que seria o gol do primeiro título mundial do alvinegro. E antes que os chiliques comecem, logo mais explicarei por que considero esta o único campeonato mundial conquistado pelo Corinthians, o que não é pouca coisa, pois poucos o são. O Timão se impôs taticamente, como raros times brasileiros e sul-americanos conseguiram em toda a história.

A tática, aliás, é o ponto forte deste ótimo Corinthians. Individualmente, há pouquíssimos destaques, bem menos do que o time do final dos anos 90, por exemplo, conjunto este que não foi capaz de conquistar o que o atual elenco galgou. O esquadrão de Dida, Índio, Fábio Luciano, Adilson, Kleber, Vampeta, Rincón, Ricardinho, Marcelinho, Edílson e Luizão (ufa! Haja bom jogador!) era fantástico, do ponto de vista das peças, conseguindo, no máximo, dois títulos brasileiros (1998-99) e um paulista (1999). Não é pouco, mas acaba por ficar tímido perto do que o clube faturou em 2011 (Brasileiro) e no histórico ano de 2012 (América e Mundial).

O Corinthians de hoje joga o que de mais moderno existe no futebol: bola no chão; troca de passes demarcada; marcação no campo de ataque, na saída de bola do adversário; todas as linhas (três ou quatro) aproximadas, o que inviabiliza qualquer conforto ao time adversário, seja em que zona do campo for (o maior exemplo dessa forma de jogo é Paulinho. O melhor volante que surgiu no futebol brasileiro nos últimos anos rouba, com frequência, bolas no campo de ataque, excluindo a ideia de que meio-campista defensor joga na intermediária do seu campo); posse de bola, volume de jogo; e o mais importante: a proposta de jogo corintiana tem incidência, atua em busca do gol, ainda que a maioria das vitórias do time este ano tenha sido pela contagem mínima e sem um centro-avante, homem de referência na frente (Paolo Guerrero voltou a ser essa peça, depois de Ronaldo).


Tite é capaz de montar uma equipe quase perfeita – a mais entre todos os times brasileiros no momento – porque é um estudioso de futebol: sabe o que é eficiente ao Corinthians, sabe o que precisa neutralizar no adversário. Apenas isso faz de Tite o nome principal para assumir a Seleção, mas a CBF tem vocação ao retrocesso. Nada disso significa que o técnico vencerá tudo, mas esse Corinthians é favorito para ganhar o que disputar, sempre rondará os troféus, e não se assuste se a Fiel invadir o Japão em 2013 outra vez.

O Chelsea, por sua vez, foi o inverso disso. Embora com bons nomes, não se preparou coletivamente para o jogo decisivo, sendo um reflexo ainda mais grotesco dos clubes europeus que disputam o Mundial. Espanhóis, italianos, alemães e ingleses não dão a mínima para o campeonato, o que não tira o brilho da vitória sul-americana, brasileira ou mesmo europeia, quando vem.

Nesse cenário, não dá pra comparar o êxito corintiano aos fracassos santista, no ano passado, e palmeirense, em 1999. Santos e Palmeiras enfrentaram times muito fortes, cujas camisas pesam. Como registra um ditado do futebol: se você botar a camisa do Barcelona ou do Manchester no varal, o varal entorta. A do Chelsea, não. Os Blues não têm história, são o que são hoje graças ao milionário russo Roman Abramovich, razão pela qual este blogueiro defendeu a ideia, desde o início de dezembro, de que o Corinthians chegava ao Japão com boas chances de levar o título, talvez mais probabilidade do que qualquer outro time brasileiro que se credenciou a disputar o título mundial.


Isso à parte, o blog considera esta a única conquista mundial do Corinthians, pelo simples fato de que o próprio corintiano encarou este momento completamente diferente do que foi em 2000. O torcedor viveu este Mundial de Clubes desde o apito final do jogo contra o Boca, nos 2x0 que decretaram o primeiro e histórico título continental. Ao vencer, o Timão negligenciou, assim como outros clubes brasileiros em anos anteriores, o campeonato nacional. A ocasião é tão especial, que é capaz de fazer um clube abandonar um campeonato de 38 jogos, importante como é, para se concentrar em apenas dois.

E, por ter apreciado o momento durante quase seis meses, levou uma multidão para o outro lado do mundo. Falamos aqui de uma cifra entre 25 e 30 mil pessoas. Não dá para pontuar de forma certeira quantos saíram do Brasil e quantos se deslocaram de outras partes do mundo para Toyota e Yokohama. O fato é que foi muita gente, incomparável com anos anteriores, justamente pela imensidão que é a torcida corintiana. Em 2000, não houve nada parecido, ainda que o torneio tenha sido disputado no Brasil, com três jogos no Morumbi e um no Maracanã. Nivelar o campeonato de 2000 ao de agora é submeter o trunfo de 2012 à banalidade. Não há nada de trivial no que ocorreu há dois dias.


Depois daquele mal sucedido certame, a FIFA só voltou a organizar um Mundial de Clubes em 2005, e de lá pra cá a fórmula se manteve (entre 2000 e 2004, continuou a ocorrer o jogo único entre campeão europeu e campeão da América, na chamada Copa Intercontinental, disputada desde 1960). Sob a nova fórmula, São Paulo, Internacional e Corinthians foram os clubes brasileiros vitoriosos, o que não significa que o modelo seja o ideal. Ao contrário, por destinar uma vaga para cada continente, a entidade máxima que rege o futebol coloca na mesma vala Europa e Oceania, por exemplo. É claro que as datas são escassas, mas fazer um torneio com campeão e vice da UEFA Champions League e da Libertadores (as duas confederações com maior cancha no futebol) poderia dar à disputa mais atrativos, um peso ainda maior.

A conquista do Timão é expressiva. O clube, que sempre fora muito forte dentro do país, alcançou abrangência mundial em 2012, porque o Corinthians era grande demais para ter feitos apenas domésticos, e por isso era motivo de chacota de torcidas rivais. A organização política à que o clube se propõe desde 2008, passando pelo precioso e importante trabalho de marketing que soube explorar, mesmo tardiamente, a força da sua torcida, reflete o que é o time atual em campo: disciplinado, seguro e letal aos adversários, uma vez que técnico e atletas entenderam a forma de jogar, uma proposta vencedora. O Coringão, irretocável, é o dono do mundo.

2 comentários:

  1. Tiagão ótimo texto eu tenho que dar os parabéns só dois detalhes para comentar.

    Primeiro que o Mundial de Clubes será disputado no Marracos em 2013 e 2014.

    Segundo sobre o Mundial de Clubes de 2000 que foi disputado no Brasil não concordo em dizer que os corinthianos não dão importância a disputa onde clubes como Real Madri, Manchester United e Vasco da Gama que tinha uma equipe que fazia frente ao Corinthians da época, foram os times que fizeram a final. O que eu posso dizer desse torneio foi sim a falta de organização por parte da FIFA pois organizou as coias de ultima hora o que impossibilitou o torneio ser disputado no ano de 1999 o que fez o torneio acontecer em janeiro de 2000. O que fez que o Palmeiras campeão da Libertadores não querer participar e por esse motivo o Vasco da Gama , campeão da Libertadores de 1998, foi convidado para o torneio assim como o Corinthians, bicampeão nacional 1998/1999, o que aconteçe até hoje cada campeão dos paises onde o Mundial de Clubes acontece, Japão e Emirados Árabes Unidos, então eu não entendo como menor um ou outro título o que importante é que a entidade que camanda o futebol arfima em qualquer situação que o campeão mundial de 2000 é o Corinthians.

    ResponderExcluir