A fragilidade
humana é uma ferida exposta que não cicatriza nunca. Porque o homem sem ela não
seria o que é, sem delícias e dores. A fragilidade é a limitação inerente,
superada todos os dias, mas jamais vencida, pois dela sai o empenho do homem de
esclarecer, descobrir, conhecer, a si, aos outros, a tudo. Mas essas coisas não
passam de tentativas, frustradas e renovadas, dia após dia, com o intuito de
instaurar novos limites. Ainda que mais altos, mais largos, mais árduos, eles –
os limites –, sempre estarão lá, para não nos permitir a rotina, o tédio, a
soberba.
Somos humanos,
provavelmente os mais capazes dos bichos, a despeito da nossa capacidade até
certo ponto. Nem mesmo os heróis são infalíveis, exatamente porque necessitam
reproduzir a realidade mundana. Na ficção clássica grega, o mocinho, um
semi-deus, era descendente de Zeus, e precisava morrer no final para garantir a
sua divindade, o seu caráter único. Hoje, o herói não morre nunca, mas passa
por maus bocados ao longo do enredo.
Aquiles, interpretado por Brad Pitt, em Tróia |
A inteligência,
de que só o homem sabedor dispõe, auxilia no rompimento de barreiras, e a
ciência assegura ao homem as comprovações necessárias para que ele se situe no
mundo em que vive. A partir de tal perspectiva, em que a sociedade se calcou no
Homem Vitruviano, centrado e simétrico, responsável por inegáveis avanços
tecnológicos e humanos, confessamos a necessidade de ver, posto que aquilo que
não é visível não existe.
Faz sentido,
então, endossar que o pensamento que nos faz crescer também nos encarcera no
pragmatismo. O homem, vulgo livre,
tropeça nas normativas que se impõe e torna-se artificial, mecânico, demonstrando
basicamente o quão vulnerável é, porque inevitável não ser. A morte é só um
símbolo – o maior – de que o homo não
está apto a romper tudo. Ele não fracassa apenas no intuito de evitar o próprio
fim. Resiste, também, em compreendê-lo.
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