Não se engane com
o fato do Brasil ter feito parte, até bem pouco tempo – com justiça –, do grupo
das nações subdesenvolvidas. Talvez ainda seja, mas agora sob a alcunha de emergente. Mas esse país que você e eu
tanto amamos é rico, e sempre foi. E, justamente por isso, ficara marcado,
desde Cabral e Caminha, por um contra-senso: apesar de pródiga em riquezas de
todos os tipos, acabou por ser uma terra boa só para poucos.
É a desigualdade
social, a má distribuição de renda, que a gente ouve desde que nasce. Ouve e
vê, sem precisar de muito esforço. É bem verdade que o controverso governo
petista, no Planalto desde 2003, foi responsável direto por amenizar tais
diferenças que sempre foram abismais. Hoje, o pobre tem carro, faz compras em
shoppings, viaja de avião, tem casa própria. Enfim, tem direitos que, antes, só
se reservavam a uma elite composta por bem poucos. Mas a miséria ainda está aí,
porque é como uma entranha que não se desprende.
O Brasil foi
constantemente vítima dos homens que o apoderaram, no sentido daqueles que
ocuparam os cargos políticos, com soberania para definir os rumos que esse país
tomaria. E eles preferiram a conduta de fazer com que esta terra trabalhasse
pra poucos, ao invés de todos trabalharem em função do país e, com isso,
permitir a prosperidade a muitos.
Só que não dá
para incumbir os portugueses de toda a culpa. Porque desde que o meio
brasileiro, meio lusitano Dom Pedro I assumiu a frente, procedeu-se de igual
modo. E os brasileirinhos a seguir deram andamento à mesma política
implementada aqui em 1500: continuaram a subtrair a pátria, sob a tutela de uma
população pouco atuante e muito condescendente com as corrupções e desmandos.
O que acontece em
tempos de Copa e Olimpíadas a ocorrer no Brasil é exatamente isso, muito bem
simbolizado pelo Estádio Engenhão, interditado por falta de segurança, após
seis anos de sua inauguração. As ferrugens da estrutura que comporta a
cobertura do Estádio Olímpico do Rio não é apenas o ensejo de uma obra mal
acabada. É, mais ainda, uma denúncia acachapante de como quadrilhas, cada uma a
seu tempo, tomam o Brasil de assalto.
O legado, de que
tanto falam os ‘organizadores’ dos eventos, é posto de maneira leviana. Ao povo
ficará pouca coisa. A alguns empresários e políticos ficarão os
superfaturamentos, as obras mal feitas com dinheiro público, que se tornam
obsoletas brevemente. Fora o que não descobrimos, uma vez que tudo é feito
sorrateiramente e, lá na frente, prescreve. O que pode caracterizar esse
momento – e o que depois vier – é o nosso comportamento diante de tudo: nós
podemos olhar a tudo, passivos, como é de hábito, ou a gente pode berrar e
dizer “não”.
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