[continuação do post anterior]
Todas essas
percepções podem pesar a favor ou contra na hora da escolha. Mas nada como
conhecer o passado do candidato. A história de alguém, seja da política ou de
qualquer outra área, diz muito sobre as intenções e a capacidade técnica do
postulante a cargo público. O histórico do candidato como político e como
pessoa, enfim, a trajetória, suas realizações, seus posicionamentos enquanto munícipe
dão os traços do que será como representante na esfera política. Outra análise
importante a ser feita é sobre o partido e/ou coligação. Apesar dos partidos se
assemelharem em várias prerrogativas, inclusive na corrupção e no vislumbre ao
poder, cada um detém uma concepção diferente de gestão, o modo como conduzir a
coisa pública.
Como já discutido
aqui, na última publicação desta coluna, os planos de governo surgem como
instrumentos que direcionam o eleitor, mas o trabalho do morador não deve se
restringir a isso. É muito pouco pela importância de todo esse processo. Mesmo
porque de muitas promessas mirabolantes vivem os projetos de não poucos
candidatos. Fala-se o discurso grandioso, e não falta muito para o postulante
tirar o terno, os óculos e voar, super-homem que é. Exemplo mentiroso do “eu
vou fazer”: a função do vereador não é executar. Se ele te disser que irá fazer
mundos e fundos, duvide. O trabalho dele é com as leis municipais e a
fiscalização de como o prefeito gere a riqueza do município e o que é feito ou
não de benfeitoria social com a verba pública.
Da parte do
prefeito, qualquer promessa de construção disso e daquilo deve ser avaliada com
prudência. Getulina é uma cidade pequena, de baixa atividade industrial, com
comércio fraco e agropecuária menos pujante do que no passado. Com os três
setores da economia esfacelados, fora a inadimplência, não precisa ser o melhor
dos economistas para concluir que o montante financeiro com o qual Getulina
vive é proveniente do Estado ou da Federação. Portanto, fazer qualquer coisa
maior não depende só da boa vontade e do discurso dos candidatos ao Executivo.
Mais uma prática que
destoa em período eleitoral é a leva de candidatos simpáticos, outrora fechados,
desconhecedores do mundo e alheios ao que predomina à sua volta. Alguma coisa
contra quem é assim? Não. O que não dá é alguém virar bom moço por uma condição
circunstancial, sendo oportunista num momento em que ser “legal” pode lhe
trazer votos. De um dia a outro, porque é candidato, cumprimenta todo mundo, dá
e aceita o tapinha nas costas, o sorriso fica gratuitamente exposto, não há
economia de palavras e passa a pisar em lugares à que nunca fora antes, com o
qual jamais se preocupara. Mas o eleitor está atento às mudanças de
comportamento repentinas.
O candidato ideal
não existe. Se ele existisse, não seria ideal. Mas há critérios que o eleitor
cria, podendo orientá-lo no sentido de definir o melhor para a cidade. É
evidente que a tarefa do cidadão se complica, pois a política é o campo das
máscaras, das “personas”. Aquele que
você vê falando não é o candidato: é alguém que o próprio candidato queria ser.
Perceba, caro leitor, que voltamos a falar de idealizações, fantasias. Até por
isso a nossa tarefa também é dura no momento de diferenciar o super-herói do
mero mortal como tu e eu. Além do blá-blá-blá sem propósito concreto, a
história do candidato e a sensatez na hora de tornar-se público vão te auxiliar,
se não a escolher, pelo menos a descartar uns e outros.
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