Celebrar o quê? A
nossa independência comprada? Desde quando algo conquistado sem luta tem valor
comemorativo? O nosso 7 de setembro foi tão “papo pra boi dormir”, que D. João
VI, rei de Portugal, deixou de ser a principal autoridade para D. Pedro I, seu
filho, assumir o posto de imperador do Brasil, que, mais adiante, seria do neto,
D. Pedro II. Está explicado o nosso atraso político, a morosidade com que as
coisas acontecem por aqui até hoje.
Eis aí uma parte
da história dos Estados Unidos que me é convincente. Os caras pelejaram pela
liberdade, foram a campo lutar, porque quem ganha o direito de ser livre não o
é, de fato. Quem dá a liberdade pode tirá-la ou dosar da maneira que lhe
convier. Aqui foi assim, sem bagunçar a ordem vigente. Ficou mais fácil aos
abastados, e a população olha o feriado de hoje com descaso absoluto, sem
compreender o que é emancipar-se.
No Brasil, além
de não vir a República, em 1822, a estrutura sócio-econômica, encabeçada pelos próprios
portugueses e elite agrária brasileira, ficou como estava. A mudança, no
Brasil, foi só de nome – saiu da condição de colônia à de império –, mas
essencialmente tudo se manteve. Sem revolução, as hierarquias foram mantidas e
nada se sujeitou ao rompimento.
Não é de se estranharem
alguns retardamentos: a mulher em condição de desprivilegio no mercado de
trabalho; o negro que, embora em grande quantidade no meio social, é escasso
nas plateias de cinemas, teatros, faculdades; o tradicionalismo moralista das
religiões tenta emperrar avanços úteis ao homem.
Os enraizamentos
são fortes. O Brasil avança, sim, mas a demora em alavancar-se parece ser a
nossa maior vocação.
Seu blog é um lixo, cara.
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