Há onze anos,
nessa exata hora, o tal do Bush estava com a viola em caco, e resumia naquele
momento a sua incapacidade que mais tarde completaria, pasme, oito anos de
mandato. O texano era o cara errado, na hora errada – ou seria certa? Um ano
antes, em uma eleição duvidosa, o republicano ganhou o direito de presidir os
Estados Unidos, numa disputa com o democrata Al Gore, então vice de Clinton.
Com menos de um ano de gestão, Bush estava com um Osama na mão e duas torres no
chão.
O que no início
se desenhava como um problema, mais adiante serviu como o trunfo de W. Bush ao
segundo mandato, que conseguiu sem grandes dificuldade e indícios de fraude. O
presidente usou a sensação de medo, o sentimento de impotência e de que alguma
coisa poderia acontecer a qualquer momento para implementar na população americana
a dependência do Estado, invertendo-se perigosamente a lógica: a política
passava a ser maior que o povo. Os atentados de 11 de setembro, contraditoriamente,
foram perfeitos aos anseios de Bush. Ele era, a partir dali, o herói protetor
de que tanto os Estados Unidos precisavam.
Lembremos de Bin
Laden. Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputavam o
alinhamento dos demais países ao capitalismo e socialismo, respectivamente. Quando
o exército soviético chegou ao Oriente Médio, o governo americano precisava
criar uma força de resistência ao avanço vermelho. No Afeganistão, tente
arriscar quem foi financiado e treinado pelos Estados Unidos. Sim, o barbudo
mais conhecido, amado e odiado do planeta.
Naquele 11 de
setembro, eu ainda na escola cursando o terceiro colegial via a mídia lamentar
e o mundo, escandalizado, a acompanhar o que causara tudo aquilo. Ninguém sabia,
porque o desconhecimento da história é algo tocante. As bombas soltas em
Hiroshima e Nagasaki são eventos normais. As torres incendiadas, não. Guantânamo
e o embargo a Cuba, normais. O World Trade Center vindo abaixo, não. O
incentivo às ditaduras na América Latina, inclusive no Brasil, coisa pouca. Os atentados,
uma afronta. Tudo isso é uma tolice, e deixemos de fora o chororô só pra um dos
lados.
É necessário
saber analisar tudo aquilo com certa frieza: os mais de três mil mortos no 11/09
eram inocentes. Os que morreram por mãos americanas, também. E não é difícil
compreender, até porque um certo físico já propusera: para toda ação existe...
Isso mesmo. É muita cafajestagem – e burrice – estraçalhar os outros e julgar
que nada acontecerá de volta e, quando ocorre, dar chiliques. Embora Deus me
reprove e o capeta vibre, confesso: não me chocou e entristeceu em demasia ver
o WTC ruir tão facilmente.
Os mortos naquela
manhã de setembro pagaram injustamente pela política externa americana
praticada durante anos. Porque em guerras ou em disparates deste nível, os
culpados normalmente se escondem, e resta à vítima inglória morrer. Por falar
em morte, vítima e Estados Unidos, há exatos 39 anos, também em um 11 de
setembro, era deposto, para logo em seguida morrer, Salvador Allende,
presidente chileno eleito democraticamente, trocado à força pelo ditador
Augusto Pinochet, pois não era visto com bons olhos adivinhe por quem?
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