quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A MULHER SÓ É BONITA QUANDO SABE SER

Eu sei que você vai dizer que beleza é uma coisa secundária, que o importante é ter caráter, bondade, boas intenções, vontade de fazer o outro feliz. Tudo isso procede, e essas características subjetivas fazem da mulher alguém mais bela. Mas a estética não é uma mera insignificância. Até porque o caráter, a bondade, a intenção e a vontade não farão da mulher caindo pelas tabelas uma diva. Não que ela seja um ser humano pior que Marilyn Monroe por não ter a beleza da loira norte-americana. Ela é mais feia, só isso.

A mulher pode ter olhos sem graça, uma boca murcha, um nariz nem tão pequeno, uma testa grande a ponto de lhe faltar cabelo. À primeira vista, é capaz de assustar o mais prevenido dos homens, de desferir um ataque cardíaco – o tão temido infarto – naquele macho que se colocava ali a fazer uma caridade, um gesto de afeto. Mas, antes de qualquer coisa, ele é um humano, e se assusta com o não-belo. A mulher não tem culpa, pois não escolheu ser o que é. Só que atribuir ao temeroso a condição de deselegante é demasiado injusto.

Mas a falta de empenho por parte de Deus e da genética pode ser compensada. Tem muita mulher a quem se olha e pensa: “Oh, Senhor! Por que foras tão mau com aquela criatura?”. Mas um olhar mais apurado irá encontrar naquele ser uma beleza que a sua própria carcaça tentava lhe furtar. Ao mesmo tempo em que é vítima da própria feitura – muito provavelmente sem saber ou admitir –, cria ferramentas para ofuscar o seu lado ingrato, viabilizando ao mundo uma outra versão de si mesma.


Apesar do guarda-roupa mais recheado que o do homem, da vocação inalcançável de transformar um problema simples num caso de calamidade pública que necessita ser devidamente detalhado e conversado, das bolsas que não param de originar objetos, as mulheres que não são bonitas ao primeiro olhar podem superar essa limitação. O modo como são define se estão prontas a redimir a natureza pouco generosa ou se afundam ainda mais no ostracismo social, sendo desprezadas, apontadas, caçoadas em locais públicos, contrapondo o sonho de conseguir um pretendente, aquele homem de palavras amáveis e gestos originais.

Mas a mulher, com a inteligência de que só ela é provida – inclusive as feias –, possui artimanhas que a disfarçam. Ou melhor, que tornam o seu desenho mal acabado um mero disfarce, um engodo ao interlocutor debochado, que se deu ao trabalho de julgar a dita cuja tão somente pela aparência. Indiscutível, ela é feia com louvor. Mas definir assim um conceito total sobre ela pode ser prematuro, bem como conceber um arrependimento que lhe arrebatará o bom senso mais adiante.


O cabelo é uma arma letal. Feliz da mulher que sabe passar a mão no cabelo, competente o suficiente a jogá-lo de lado ou para trás. Feliz da mulher que sabe olhar, sem arregalar ou fechar demais a mira, que pisca os olhos em harmonia. Olhos suaves, que não demonstrem medo ou tranqüilidade em excesso. Olhos que fulminam e desprezam ao mesmo tempo, que dão importância ao homem só quando necessário e não vendem simpatia. Abençoada a mulher que sorri quase sem barulho, mas sempre, porque adora que a façam rir. Ao homem implora um raciocínio inteligente para poder esticar a boca, estampar os dentes, porque a felicidade é o bastante para tudo. Depois da alegria, a língua nos lábios a umedecê-los, a fazer aquele que a deseja sonhar com o beijo. Bendita a mulher que não caminha. Flutua. Que não para. Paira. Que se veste bem, sem atolar-se de panos, cores e acessórios, sem mostrar aquilo que o homem só quer em imaginação.

Se você é feia, não fique aí choramingando pelos cantos. Não procure um psiquiatra e peça que ele lhe receite um tarja preta. Não opte pela overdose de medicamentos, bebidas ou compras no shopping. Não dê piti em público, não se passe por idiota, evite ser um zero à esquerda. Não seja egoísta a ponto de achar que os homens – ou um deles – devem ficar à sua volta só porque você se acha o centro da órbita, mesmo não sendo tão bonita assim. Deixe de histeria, pare de se fazer de vítima e dedique-se a fazer de você uma mulher surpreendente, pela forma como olha, sorri, se mostra, apesar de toda feiúra que a brindou nesta vida. 

2 comentários:

  1. super me identifiquei! hahahahahaha
    adorei!!!
    bjo thiii

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  2. "(...)apesar de toda feiúra que a brindou nesta vida". Gostei do fechamento! hahaha.. E viva a Ditadura da beleza! rs

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