Com o final do
segundo turno em algumas cidades do país, dentre elas São Paulo, a conclusão é
que as eleições municipais servem, de fato, para preparar o cenário a 2014. Mais
do que um projeto para o município, há o anseio pelo poder máximo, hoje ocupado
pelo PT de Lula e Dilma. E a não ser que algum baque econômico venha ou
denúncia de corrupção no governo surja, Rousseff será a próxima presidente do
país, até com certa folga. A Lula ficará a missão de destronar o PSDB do
governo de São Paulo, o que também não será das tarefas mais difíceis. É só o
PT fazer tudo nos conformes, e não inventar de reconduzir Luiz Inácio ao
Planalto.
É impressionante
como os resultados do último domingo, especialmente na disputa entre Haddad e
Serra, definem rumos para o pleito de 14. Não foram poucas as contas –
inclusive por parte da imprensa – conjecturando o que poderá acontecer daqui a
dois anos, com a eleição desse político aqui, daquele partido ali, da coligação
acolá. Soa até como desleixo por parte das siglas, que, indiretamente, relegam
a cidade para segundo plano, como uma coisa qualquer. O cidadão vive a realidade
da cidade, que pertence, concordo, ao país. Mas o contexto dele é limitado ao
território municipal. Ali acontece tudo. O resto é de ordem macro.
Mas a polis, como defende Aristóteles, é o
local onde tudo acontece, é o centro das decisões políticas e sociais e nela
está calcada a possibilidade de evolução ou recessão. A União tem papel
importante no avanço do país, tomando medidas que se refletem nos estados e
municípios, mas é a política da cidade que pode recuperar uma rua esburacada, oferecer
educação básica de qualidade, centros de saúde e santas casas aptos. Essa é uma
realidade muito presente nos lugares menores. Ainda que o Estado e o governo
federal auxiliem com verbas, ao menos a solicitação parte do prefeito, pois ele
vê, ouve e toca o que o governador e a presidente não podem. As mudanças mais
pontuais, por estarem perto, só são efetivadas por prefeito e vereadores.
A política,
concebida por ideais nobres, de resguardo às pessoas, cedeu espaço à preocupação
em ocupar posições na hierarquia. Mudou-se o centro da órbita, antes no povo,
agora no representante. Porque quanto mais alto o degrau na escala, mais benefícios
sobram da corrupção, mais o partido solidifica o seu projeto de poder. A Prefeitura
de São Paulo, como a do Rio, de BH, Brasília, Porto Alegra, Salvador, são
apenas peças estratégicas de um jogo muito mais amplo.
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