A praticamente dois meses das eleições municipais, as
cidades se aclimatam para o pleito do dia 7 de outubro. A votação define os
novos ou reeleitos prefeitos e vereadores por mais quatro anos, e toda aquela
história que nós nos habituamos e cansamos de ouvir. O que serve a todos os
municípios se vê em Getulina, e somam-se à regra algumas características
importantes, tornando a disputa daqui ora comum, ora hilária, ora trágica.
Falemos da primeira das tragédias, essa mania rasteira apresentada
por candidatos e que tem a aceitação de muitos que votam. Tem-se o costume em
Getulina, por parte de vários postulantes a cargo de prefeito ou vereador – e
esta parece ser uma prática vitalícia nas pequenas cidades –, de entregar o
“santinho” ao eleitor e logo a seguir proferir a frase que já virou slogan em
período eleitoral: “Dá uma forcinha pra gente”.
A frase empobrece o debate político, pois todo o processo de
ver o que o candidato tem a oferecer, da viabilidade das suas propostas e da
escolha por um deles fica limitado a dar a tal força a este ou àquele que
pleiteia cargo político. Perde-se a oportunidade de discutir, e sejamos
francos: se a criatura não tem a capacidade mínima de argumentar com bom senso
o que pode oferecer, ele está apto a ser prefeito ou vereador?
Pior do que pedir uma força é aceitar dá-la. Mas se boa
parte do eleitorado troca o voto por churrascos, agrados, promessas ou cargos,
mesmo sem a crença real nos atributos do candidato escolhido, retribuir a força
pedida não é o principal desatino. De qualquer forma, tentemos mudar a nossa
mania. O voto vale um pouco mais do que carne e cerveja à vontade, uma função
aqui, um presentinho ali. E se te pedirem a tão costumeira forcinha, pergunte
se o candidato está fazendo uma mudança, empurrando um guarda-roupa ou algo que
justifique o seu auxílio a ele. Ironias à parte, negue e estipule o debate.
Até diante disso e das promessas e planos de governo
descabidos – porque nem toda conversa tem a obrigação e competência de traduzir
a dúvida do eleitor em voto – o voto nulo é uma opção. O senso comum insiste em
tachar a escolha nula como um equívoco, afirmando que votar assim é privilegiar
um candidato ruim. De fato, os votos em branco ou nulos não são computados. Mas
a opção por ninguém não é uma forma de privilegiar o postulante duvidoso, e sim
a resposta por encontrar em todos deficiências consideráveis.
Para quem vota assim, não há candidatos piores ou melhores,
uma vez que qualquer opção é ruim. Se o candidato X tem uma perspectiva de
votos que o credencia a vencer o pleito, eu só devo votar em Y, com menos
chances de ganhar, caso eu o julgue bom. Se assim como o X, o Y não for uma
opção interessante, na minha visão ambos não estão aptos a assumir a posição
que pleiteiam. Neste caso, o coerente é anular o voto, e não destiná-lo a
alguém só pelo fato de estar mal ranqueado nas pesquisas.
É do processo eleitoral, no caso da eleição para prefeito,
um ficar em primeiro e o restante perder a disputa. Nesse momento, há uma
inversão de valores: o eleitor que não opta por algum candidato sai como vilão,
quando a culpa de não haver a escolha em X ou Y é justamente de quem postula
cargo político e a sua incapacidade de ganhar adesão eleitoral.
Para amenizar a incidência do voto branco ou nulo cabe aos
candidatos atuarem em diversas frentes. Nas ruas, nas casas dos cidadãos, em
pontos de grande convergência pública e nas redes sociais, local em que as
pessoas se encontram virtualmente e ganha adesão diária de muita gente. É
processo irreversível este que vivemos atualmente: a tendência é que os
encontros, as reivindicações, os diálogos aconteçam no Facebook, no Twitter,
enfim, na internet de um modo geral.
Ao eleitor, como não poderia ser diferente, é indicado
inserir-se nessa prática. Se as eleições cada vez mais se instalarão no
interior das redes sociais, é necessário que o votante busque formas
alternativas de decidir seu voto, desde que os políticos também participem.
Nesse sentido, há um grupo no Facebook
cujo nome é “Getulina Eleições 2012”, com quase 1100 membros. Se considerarmos
que o eleitorado da nossa cidade gira em torno de 8500 eleitores (de acordo com
dados da eleição de 2008), as mais de mil pessoas que discutem as eleições no Face formam um contingente interessante
que pode decidir o pleito.
É evidente que as redes sociais estão repletas de
incoerências também, assim como há no corpo a corpo. Se na Grécia Antiga os
cidadãos se encontravam nas Ágoras, as praças públicas, para discutirem
assuntos pertinentes ao cotidiano, a modernidade trouxe os jornais e as
aglomerações saíram das ruas e foram às livrarias e aos cafés. Hoje, os
encontros se dão em grande escala no mundo virtual. Considerando que o mesmo
prima pela velocidade, há mais quantidade do que qualidade. Mas, como dito, as
redes se colocam como uma alternativa.
O
próximo texto desta coluna será publicado no primeiro domingo de setembro e irá
tratar de um assunto que incomoda o eleitor. Diante de cinco candidatos a
prefeito, 75 a vereador e promessas impossíveis, qual o melhor candidato? Até o
dia 2 de setembro, data da próxima publicação neste semanário, o leitor pode
acompanhar diariamente textos novos sobre política e diversos outros temas no www.semcensor.blogspot.com.br.
Olha a rede aí como possibilidade de amadurecer o voto e vetar a forcinha aos
candidatos mais acomodados.
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