Em tempos de STF
e mensalão, quem atrai holofotes é o
STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), interferindo – ou tentando –,
mais do que deve, no andamento do Campeonato Brasileiro. Assim como na justiça
comum, é necessário que o promotor ou procurador formule e ofereça a denúncia,
e a partir disso a Corte avalia se põe em julgamento, absolvendo ou punindo o
réu, ou se descarta a peça acusatória.
Se ao menos por
enquanto o STF vem fazendo o que lhe cabe, que é analisar a denúncia e, com
base na lei, incriminar ou inocentar os réus nas mais variadas acusações de
crimes, o STJD, na figura de seu procurador geral, Paulo Schmidt, abusa da
intervenção.
O que mais chama
a atenção tem relação com o ocorrido no belo jogo do último domingo entre os
dois melhores times do campeonato. O vice-líder Atlético-MG venceu o ponteiro
Fluminense pelo placar de 3x2, em partida disputada no Estádio Independência,
em Belo Horizonte. Além dos cinco gols, bolas na trave, chances perdidas e a
vantagem de nove pontos cair a seis, tornando o campeonato menos insosso na
briga pela liderança, o protesto da torcida mineira não caiu bem aos olhos da
justiça desportiva.
Os atleticanos
situados atrás de um dos gols expuseram um mosaico que evidenciava a sigla da
CBF (Confederação Brasileira de Futebol), de ponta cabeça, entre as cores
vermelha, verde e branca, representativas do tricolor das Laranjeiras. A
torcida do Galo protestou contra, segundo ela, um favorecimento ao Fluminense
em alguns jogos-chave, justificando a larga vantagem obtida pelo clube carioca.
Cá pra nós, todos
os times são ajudados e prejudicados pela arbitragem. E tudo por um motivo
bastante simples: os nossos juízes são péssimos. Embora não dê pra botar a mão
no fogo, é muito provável que não seja má fé. É baixa qualidade nos aspectos
técnico e disciplinar. A reclamação da massa atleticana procede, como também
procede reclamar de erros em favor do Galo e prejuízos ao Flu. Simples. (Mais
sobre o assunto, migrar para http://semcensor.blogspot.com.br/2012/08/voce-e-melhor-do-que-um-arbitro-de.html)
Mas daí a
procuradoria geral do STJD oferecer denúncia à Corte porque a manifestação do
torcedor foi ofensiva, podendo gerar violência, é de um exagero bem dispensável
ao futebol, ainda mais em reta final. Sim, o Atlético corre o risco, mesmo que
remoto, de perder mandos de campo. Há uma chance muito grande do Tribunal não
acatar a denúncia, o que seria belo ao futebol. De interferências externas, com
uso de vídeos e julgamentos por todos os lados, sem contar nos reincidentes
erros de arbitragem, o campeonato já está saturado. E como seria melhor se tudo
fosse definido dentro das quatro linhas, com defesas e gols decisivos.
Futebol é esporte
apaixonante. Não é promissora a ideia de querer vetar manifestações de qualquer
espécie. Quando a massa se junta, fica difícil conter a insatisfação coletiva,
que deveria, inclusive, ser usada em outras esferas, com a mesma eficiência do
futebol. Pena a política, por exemplo, ser incapaz de organizar manifestos
assim. Não houve violência, tentativa de agressão. Ficou configurada ali uma
revolta pacífica, garantida pela Carta de 1988 como liberdade de expressão, feita em BH, repito, sem prejuízos físicos,
sem baderna, sem atos violentos.
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