[continuação do post de ontem]
Algumas análises sobre o resultado
O dado que mais
chamou a atenção após o resultado final foi a disputa apertada envolvendo os
três melhores posicionados na corrida pela prefeitura: entre Gutão e Toninho
Maia a diferença foi de 231 votos. Do segundo colocado para Chiquinho, 166
votos. O prefeito eleito obteve somente 397 eleitores a mais que o terceiro
colocado. Em uma eleição com cinco candidatos a prefeito e uma concorrência
acirrada entre três deles, dividindo com certa equidade as escolhas, Gutão teve
a preferência de pouco mais de 30% da população getulinense. Isso significa que
quase 70% dos cidadãos daqui não tinham Gutão como primeira opção, e eis aí o
maior desafio ao mandatário a partir de 2013: governar uma cidade em que a
maioria não o escolheu. Chega a ser contraditório, mas a democracia tem disso.
Ainda no âmbito
do Executivo, o outro desafio de Gutão será governar com uma Câmara tão
desfavorável do ponto de vista político-partidário. A sua coligação (PMDB-PSB)
só elegeu dois vereadores. Caberá, agora, ao político um faro apurado para
negociar apoio dos partidos, em tese, de oposição. O grande risco dessas
negociações políticas é que as barganhas podem se sobrepor aos interesses e
necessidades do município, e as concessões são feitas sem um critério rigoroso,
em nome da governabilidade. É evidente que esta conjuntura de “situação/oposição”
é mais praticada em âmbitos estaduais e federal, mas pode ocorrer aqui de
termos uma Câmara sendo resistente às pretensões do prefeito. Mesmo porque o
brasileiro é escaldado e sabe que o jogo político, não em poucas vezes,
funciona mais em função do poder do que com vistas ao bem social. Getulina e a
sua população devem pairar acima das vaidades partidárias e dos interesses
particulares, já que os eleitores têm o controle de colocar – e tirar – quem
julgar merecedor ou indigno do cargo.
Se Gutão, Toninho
Maia e Chiquinho concentraram altos índices de votos lá em cima, Jota e,
principalmente, Ulisses foram muito pouco votados. Este último atingiu pouco
mais de 50 escolhas, e em um pleito para vereador não teria sido eleito mesmo
que recebesse o triplo de votos que teve para prefeito. Há duas possibilidades
para se compreender isso: não foram poucas pessoas nas redes sociais e nas ruas
que demonstraram descontentamento com o seu vice. Outro fator provável: Ulisses
ficou fora de Getulina por algum tempo, acabando por perder o contato com
grande parte da população, algo que seus adversários conseguiram manter. Se o
vice fosse outro e o candidato tivesse permanecido no município, talvez não
vencesse, mas a quantidade de votos seria mais alta, nada difícil diante da
cifra tão irrisória que recebeu.
Na eleição para
legisladores, três darão continuidade aos seus mandatos: Carlito, Maninho e
Betobica. Os outros seis vêm de fora, o que pode ter representado uma
insatisfação do getulinense com a edilidade atual. Dos seis novos eleitos,
Alcides Despachante retorna após quatro anos fora, enquanto que Edinedi, Fátima
Bernardes, Fio Caliani, Diguinho e Motoradio encaram seus primeiros mandatos.
De quem está lá atualmente, Toninho Lima, Dinaldinho, Pina Auto Escola e Mário
Nohara não conseguiram se reeleger. Jota e Toninho Maia, atuais vereadores, não
retornarão à Câmara em 2013, pois foram candidatos a prefeito.
A mudança mais
drástica nesta eleição foi o fato de duas mulheres entrarem na Câmara. Edinedi
(PTB) e Fátima Bernardes (PSDB) foram as mais votadas entre todos os 73
candidatos. Segundo dados do Censo 2010 realizado pelo IBGE (www.ibge.gov.br/cidadesat), em Getulina
há somente 957 homens a mais do que mulheres (5861 homens - 4904 mulheres).
Portanto, nada mais natural que termos representantes do sexo feminino. Mesmo
assim, a desproporção é grande ainda (7 homens para 2 mulheres), levando-nos a
concluir que o número de legisladoras poderia ser maior. Antes de Edinedi e
Fátima, Getulina teve apenas duas vereadoras: Valentina Loyola, na 2ª
legislatura (1948-1953), e Guiomar Rodrigues de Morais, na 11ª legislatura (1993-1996).
Apesar de não constar qualquer informação sobre a primeira geração de
vereadores, além de haver poucos dados sobre a sétima, é muito provável que,
até hoje, nosso município tenha tido apenas essas duas representantes do sexo
feminino. Tudo de acordo com o portal www.camaragetulina.sp.gov.br.
Se por um lado
vimos mudanças, há também as figuras conhecidas de outras eleições. O dado que
mais chama a atenção é referente a Carlito. O atual vereador, que conseguiu
reeleição, irá para o seu sexto mandato. Com base no site da Câmara, o político
do PR foi eleito pela primeira vez em 1989 e, de lá para cá, só não conseguiu
vaga na Câmara nas eleições de 2000. Ao final de 2016, Carlito irá completar 24
anos como legislador em Getulina. Maninho, do PSDB, vai para a sua quarta
legislatura consecutiva, já que desde 2000 vence a corrida eleitoral. Toninho
Maia e Dinaldinho, que estarão fora no próximo quadriênio, continuarão com três
mandatos. Pina Auto Escola, também fora, soma dois, mesmo número que terá
Alcides Despachante e Betobica quando 2016 encerrar. A repetição demasiada pode
representar três cenários: 1) o político faz um trabalho correto e ganha a
confiança do eleitor; 2) o vereador não faz bons mandatos, e a sua reeleição
prova que o eleitor vota mal; 3) o votante não tem olhar crítico e criterioso
sobre a política local, e acaba escolhendo alguém por afinidade, troca de
favores ou alienação.
Os candidatos e atuais
vereadores Toninho Lima (DEM) e Dinaldinho (PSDB) foram vítimas dos quocientes eleitoral
e partidário, previstos nos Artigos 106 e 107 da Lei nº 4.737/65. Mesmo tendo votos
para ficarem entre os nove, não foram eleitos, pois como cada partido ou
coligação tem uma quantidade determinada de cadeiras no legislativo, de acordo
com a votação que recebe, eles acabaram por ficar de fora, já que seus
correligionários ocuparam as vagas destinadas à chapa. Dentro da sua coligação,
Toninho Lima foi o quinto mais votado, sendo que sua chapa tinha direito a
quatro integrantes na Câmara. Dinaldinho, do mesmo “time” de Toninho, foi o
sexto com mais escolhas dentro do bloco PTB-DEM-PSDB, e acabou excluído. Isso
prova que a lei eleitoral entende que o povo vota no candidato, mas também no
partido. Ao menos no grupo de discussões sobre a Eleição 2012 em Getulina, no
Facebook, alguns cidadãos manifestaram discordância em relação a essa lei.
[continuação no post de amanhã]
Nenhum comentário:
Postar um comentário