quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O SER HUMANO É UM EMARANHADO DE FORTALEZAS E FRAGILIDADES

A fragilidade humana é uma ferida exposta que não cicatriza nunca. Porque o homem sem ela não seria o que é, sem delícias e dores. A fragilidade é a limitação inerente, superada todos os dias, mas jamais vencida, pois dela sai o empenho do homem de esclarecer, descobrir, conhecer, a si, aos outros, a tudo. Mas essas coisas não passam de tentativas, frustradas e renovadas, dia após dia, com o intuito de instaurar novos limites. Ainda que mais altos, mais largos, mais árduos, eles – os limites –, sempre estarão lá, para não nos permitir a rotina, o tédio, a soberba.

Somos humanos, provavelmente os mais capazes dos bichos, a despeito da nossa capacidade até certo ponto. Nem mesmo os heróis são infalíveis, exatamente porque necessitam reproduzir a realidade mundana. Na ficção clássica grega, o mocinho, um semi-deus, era descendente de Zeus, e precisava morrer no final para garantir a sua divindade, o seu caráter único. Hoje, o herói não morre nunca, mas passa por maus bocados ao longo do enredo.

Aquiles, interpretado por Brad Pitt, em Tróia

A inteligência, de que só o homem sabedor dispõe, auxilia no rompimento de barreiras, e a ciência assegura ao homem as comprovações necessárias para que ele se situe no mundo em que vive. A partir de tal perspectiva, em que a sociedade se calcou no Homem Vitruviano, centrado e simétrico, responsável por inegáveis avanços tecnológicos e humanos, confessamos a necessidade de ver, posto que aquilo que não é visível não existe.

Faz sentido, então, endossar que o pensamento que nos faz crescer também nos encarcera no pragmatismo. O homem, vulgo livre, tropeça nas normativas que se impõe e torna-se artificial, mecânico, demonstrando basicamente o quão vulnerável é, porque inevitável não ser. A morte é só um símbolo – o maior – de que o homo não está apto a romper tudo. Ele não fracassa apenas no intuito de evitar o próprio fim. Resiste, também, em compreendê-lo.

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