sexta-feira, 20 de junho de 2014

GOL CONTRA: Felipão atribui à imprensa uma função que não é dela

Na última terça, dia 17, a Seleção Brasileira entrou em campo para disputar a sua segunda partida na Copa do Mundo. O resultado de 0x0 diante do México ficou longe de ser bom, não só pelo ponto solitário conquistado, mas também em função do baixo desempenho do time comandado por Luiz Felipe Scolari. E foi justamente após a partida, no trecho final da entrevista coletiva, que Felipão agiu de modo a questionar a imprensa brasileira: “Não tem mais pênalti a favor do Brasil? Vocês só criticaram o do Fred”. O fato é que não ocorreu nada duvidoso no confronto contra os mexicanos que tenha prejudicado o time da casa.

Incomodou Scolari o fato da imprensa brasileira ter dado destaque ao pênalti inexistente apitado pelo árbitro japonês em favor do Brasil, na partida da primeira rodada contra a Croácia. A marcação convertida por Neymar fora decisiva para a vitória da seleção (ali, o Brasil virava um jogo difícil contra o bom selecionado croata). Com a ênfase em um lance polêmico que favoreceu o anfitrião, Felipão se viu contrariado, pois, antes do mundial, pediu para todos – time, imprensa e torcida – unirem-se em torno do objetivo máximo: o hexacampeonato.


O treinador só deixou passar uma prerrogativa bem básica do jornalismo: imprensa que se preze não torce. Ou, se torce, não permite que a empolgação ou a tristeza interfira na informação, na análise, na opinião. De modo geral, os veículos de comunicação mantiveram posicionamento crítico quanto ao êxito da Seleção contra a Croácia, afirmando que o Brasil tirou proveito de um erro do juiz para sair com a vitória na estreia. É importante lembrar: até o torcedor, Felipão, movido permanentemente pela paixão que o futebol faz desabrochar, sabe e concorda que vencemos graças à falha de Yuchi Nishimura, o apitador amigo.

Quanto mais distante das emoções, melhores serão as avaliações produzidas pelos analistas esportivos – e essa máxima não vale só para o esporte. Se ponderação pressupõe racionalidade, o ato de informar requer que o jornalista saia da arquibancada, deixe a buzina de lado e caminhe pelo trajeto da calmaria. Cada um na sua função: torcedor vibra e sofre; imprensa informa e opina; e o técnico treina o time para ser mais competitivo no próximo jogo.


A crônica esportiva chateou Felipão? Ponto para o jornalismo.

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