sexta-feira, 29 de março de 2013

ERA A PROFECIA. ERA ROMA, O IMPERIO QUE PUNIA OS TRANSGRESSORES NA CRUZ

Pelo pouco que sei, a crucificação não foi um “luxo” só de Jesus. Roma punia os criminosos que mais a afrontavam dessa forma, expondo o culpado com tamanha brutalidade. E, acredite: o nazareno representava um perigo e tanto para o poder constituído, seja na Galileia, onde viveu seus primeiros 30 anos, seja na Judeia, a entrada cultuada em Jerusalém, ambos territórios subordinados à lei romana.

A via crúcis era o modelo de punição usado pelo Império para implementar nos cidadãos comuns o medo de cometer erros. Do contrário, o destino do infrator seria o mesmo: a morte na cruz, não sem antes ser açoitado e forçado a carregar, ao longo de um percurso longo e montanhoso, o objeto no qual seria cravejado.

Apesar de ser uma história diversas vezes contada e, na cabeça de muitos, totalmente consumada, eu não vejo Pilatos como o pior dos vilões. A responsabilidade do governante romano não chega nem perto da participação de Judas, Herodes e, especialmente, dos Fariseus, que não em poucas vezes foram contrariados, questionados e postos em xeque pelo Messias. Mas, como se diz, “estava escrito”. E parece que o entendimento humano só funciona quando a coisa tem requintes de crueldade.


Essa é a diferença de Jesus para os criminosos que, assim como ele, foram mortos crucificados: além de não ter cometido, de fato, delito algum, aquele a quem os cristãos têm como o Salvador quis o próprio sacrifício, para que o pecado do mundo fosse redimido, ao passo que poderia recusar o fardo. Há indícios muito fortes de que tudo isso proceda: além do corpo nunca ter sido encontrado, muitos que seguiram Jesus não negaram as proezas do nazareno, mesmo após a sua morte, e por isso foram igualmente assassinados.

A partir daí, o problema passava a ser de Roma também. Os adeptos do Cristianismo eram cada vez maiores, e o Império, no fim das contas, aos olhos de muitos, havia protagonizado o sangramento do Cordeiro. Como inimigos, os seguidores da ideologia cristã eram sumariamente perseguidos pelos romanos, que precisavam manter uma certa coerência: se Cristo foi um criminoso, os cristãos também o são. Quando, em 380 d.C., Roma percebe que o legado de Jesus é inalienável, o Cristianismo se torna a religião oficial do Império, relação esta muito próspera para os dois lados. Agora, que se persigam e punam os pagãos.

Aparentemente, Pôncio Pilatos imputou a punição ao Rei dos Judeus a contragosto. Viu-se obrigado a fazê-lo por questões de ordem, pois, por incrível que pareça, haveria menos confusão crucificando o Filho do Homem do que mantê-lo vivo. O sangue de Jesus recaiu em maior escala sobre as mãos dos sacerdotes, aqueles velhinhos que viram seu poder – religioso e financeiro – ser ameaçado pelas boas novas.

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