quinta-feira, 28 de março de 2013

“SEM SABER QUE ERA SUBTRAÍDA EM TENEBROSAS TRANSAÇÕES”

Não se engane com o fato do Brasil ter feito parte, até bem pouco tempo – com justiça –, do grupo das nações subdesenvolvidas. Talvez ainda seja, mas agora sob a alcunha de emergente. Mas esse país que você e eu tanto amamos é rico, e sempre foi. E, justamente por isso, ficara marcado, desde Cabral e Caminha, por um contra-senso: apesar de pródiga em riquezas de todos os tipos, acabou por ser uma terra boa só para poucos.

É a desigualdade social, a má distribuição de renda, que a gente ouve desde que nasce. Ouve e vê, sem precisar de muito esforço. É bem verdade que o controverso governo petista, no Planalto desde 2003, foi responsável direto por amenizar tais diferenças que sempre foram abismais. Hoje, o pobre tem carro, faz compras em shoppings, viaja de avião, tem casa própria. Enfim, tem direitos que, antes, só se reservavam a uma elite composta por bem poucos. Mas a miséria ainda está aí, porque é como uma entranha que não se desprende.

O Brasil foi constantemente vítima dos homens que o apoderaram, no sentido daqueles que ocuparam os cargos políticos, com soberania para definir os rumos que esse país tomaria. E eles preferiram a conduta de fazer com que esta terra trabalhasse pra poucos, ao invés de todos trabalharem em função do país e, com isso, permitir a prosperidade a muitos.

Só que não dá para incumbir os portugueses de toda a culpa. Porque desde que o meio brasileiro, meio lusitano Dom Pedro I assumiu a frente, procedeu-se de igual modo. E os brasileirinhos a seguir deram andamento à mesma política implementada aqui em 1500: continuaram a subtrair a pátria, sob a tutela de uma população pouco atuante e muito condescendente com as corrupções e desmandos.


O que acontece em tempos de Copa e Olimpíadas a ocorrer no Brasil é exatamente isso, muito bem simbolizado pelo Estádio Engenhão, interditado por falta de segurança, após seis anos de sua inauguração. As ferrugens da estrutura que comporta a cobertura do Estádio Olímpico do Rio não é apenas o ensejo de uma obra mal acabada. É, mais ainda, uma denúncia acachapante de como quadrilhas, cada uma a seu tempo, tomam o Brasil de assalto.

O legado, de que tanto falam os ‘organizadores’ dos eventos, é posto de maneira leviana. Ao povo ficará pouca coisa. A alguns empresários e políticos ficarão os superfaturamentos, as obras mal feitas com dinheiro público, que se tornam obsoletas brevemente. Fora o que não descobrimos, uma vez que tudo é feito sorrateiramente e, lá na frente, prescreve. O que pode caracterizar esse momento – e o que depois vier – é o nosso comportamento diante de tudo: nós podemos olhar a tudo, passivos, como é de hábito, ou a gente pode berrar e dizer “não”.  

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