A pergunta que as
mulheres fazem a nós e a si próprias é: por que os homens não conseguem fazer
duas coisas ao mesmo tempo? A pergunta retórica, a prova cabal da nossa
incapacidade, tem na história, no início de todo esse enredo à que nomeamos de vida, uma contradição. Se Deus
apropriou-se de uma das costelas de Adão para originar Eva, a primeira mulher
entre todas, simbolicamente o homem está em dois lugares ao mesmo tempo,
fazendo isto e aquilo a todo momento. Mas, não. O homem, de fato, não é capaz
de fazer duas coisas ao mesmo tempo.
É evidente que os
machos mais desenvolvidos irão bradar um caráter evoluído, afirmando não
fazerem parte do grupo de inaptos, quase que proprietários de raciocínio aquém.
É possível que haja homens capazes de atuar em duas frentes simultaneamente. Porém,
de certo, não o farão com a mesma desenvoltura de uma mulher. O resultado final
será diferente, menos eficiente, mais errado, sem beleza. O que não justifica
atribuir à mulher os afazeres, e sim aprendê-los. Até para que o homem desfaça
a regra e passe às realizações duplas: desempenhar uma atividade prática e
contemplar as feições da mulher em descanso.
Passemos por algumas
dificuldades masculinas. Falar ao telefone e navegar na internet ao mesmo
tempo; dirigir e conversar; dirigir, conversar e escolher a música no rádio? Nem
pensar. Temperar a carne e cuidar do feijão sobre o fogo aceso; fazer o churrasco
e dar atenção ao amigo na conversa sobre a rodada do Brasileirão; fazer algo
com a mão direita e usar a esquerda para outra atividade; trocar de roupa e
responder à mãe. Talvez em uma única situação o homem consiga fazer duas coisas
ao mesmo tempo, mas o pudor excessivo me impede de dizê-la.
O que explica a
limitação do homem diante de duas ações conjuntas? Biológica, física e
mentalmente deva haver algum traço concreto que inviabilize a duplicidade do
homem. De cara, o único fator que explica a defasagem do homem perante a mulher
é o curso da história, essa que costuma esclarecer as dúvidas de hoje, mas tão
injustamente desprezada porque “o que aconteceu no passado é passado”.
Ao longo da
trajetória humana, o homem sempre foi pragmático. Embora tudo convergisse ao
seu entorno e dependesse quase que exclusivamente das suas ações, o macho era
dono de si e recusava explicações à parceira. Embora era o membro que saía para
trabalhar e permitir o sustento da família e, em casa, resguardava pela
segurança física e moral de filhos e esposa, era inquestionável. O resultado a
quem blindado está ante críticas é o acomodamento, a lentidão, a possibilidade restrita
de dar um passo por vez.
A mulher, não. No
tempo em que não trabalhava fora, deveria manter a casa limpa, preparar as
refeições, zelar pelos filhos, cuidar da roupa e, uma vez ou outra,
providenciar na rua o que a casa se mostrava em falta. Não incomum, a maioria
dessas obrigações eram feitas conjuntamente, porque era direito do esposo
encontrar tudo nos conformes quando regressasse. A própria Igreja foi
responsável por preservar a mentalidade da mulher como ser inferior e, acredite,
não eram poucas as mulheres que acatavam essa auto-submissão.
E o feminismo
veio. As mulheres ditas subversivas foram às ruas, queimaram sutiãs em praça
pública e exigiram uma melhor colocação: os mesmos direitos na política, no meio
social, no afeto e no sexo. A mulher violou uma imposição de séculos,
reivindicou atuar, trabalhar e cansar em demasia, mas em troca teve
independência e mais autoridade em relação ao homem. Os conservadores chiaram. As
conservadoras, também.
A sua tese e anticientifica e feminista, antihomem
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