quinta-feira, 26 de julho de 2012

MANIFESTO DO CANDIDATO A ELEITOR

Antes de prometer tudo o que irei cumprir, é recomendado que eu me apresente. Meu nome é Thiago Cury Luiz, tenho 28 anos e sou candidato a eleitor. Sou formado em Jornalismo, mestre em Comunicação, professor universitário e publico textos em um blog e num jornal do interior de SP, tudo para externar o muito que tenho na cabeça e não falar sozinho. Porque eu falo sozinho, em voz alta, mesmo escrevendo o dia inteiro. Imagine se eu não botasse no computador ou no papel todos os meus devaneios.

Pois bem. Li bastante, ouvi bastante, vi bastante, o que faz de mim um eleitor mais exigente. Demagogias à parte, quem lê e estuda um pouco tem uma chance a mais de votar melhor, mas isso não é uma regra. Não é raro encontrar analfabetos sábios, coisa que falta a muitos que desfilam por aí com livros embaixo do braço, mas não compreendem o mundo, as relações sociais, as regras desse jogo que não é dos mais simples. Fora isso, mesmo os que melhor votam podem cair no erro, e escorregar numa eleição é grave.

Como candidato a eleitor, prometo rasgar todos os “santinhos”, ignorar qualquer paródia e abominar o slogan que serve como crachá da maioria dos políticos – pelo menos das cidades de pequeno porte – ao pedir voto: “dá uma forcinha pra gente”. Prometo ignorar as promessas impossíveis, o apoio a qualquer candidato a prefeito ou vereador e os churrascos de campanha, bancados por postulantes à política, regados a muita cerveja e nenhum debate. Prometo me manter contra esse sistema, que paga muito aos eleitos, que fazem pouco ou nada nesse intercâmbio.



Prometo também, se eleito for – e já fui pela Justiça Eleitoral –, manter a nulidade do meu voto enquanto não se discutir, com maior maturidade, as prioridades da cidade onde vivo. Prometo questionar por que os políticos de outros mandatos prometem que farão, desta vez, tudo o que não fizeram antes, embora, também antes, prometeram muito. Prometo tentar entender por que, em dia de eleição, o pleito não é protagonista, mas só pretexto para que se abarrotem os bares. Depois, festa de quem venceu, junto aos que neles votaram ou não. Mas, friamente, festa pra quê?

Outra promessa de campanha é tentar entender a causa de tantos candidatos. Pela vontade de mudar o lugar em que mora? Pelo poder? Pelo dinheiro? Prometo protestos contra a falta de segurança, de emprego, de saúde, protestos em prol de que o município dependa menos de repasses federais e estaduais e tenha arrecadação própria. E, quando tiver, que distribua bem o montante para que os serviços atendam a sociedade como é dever.

Pra fechar, eu não prometo mais nada. Pois prometer é uma ilusão momentânea. Façamos, sem alarde. O meu projeto como candidato é esse. Conselho: não acredite. A promessa cansa a expectativa, aborrece a esperança e fortalece o pessimismo. O resgate à memória e às frustrações pode preceder qualquer coisa que seja melhor do que isso que está aí. 

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