segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O PALMEIRAS CAMINHA PARA O DESCENSO, MAS AINDA NÃO É O FIM

Esqueça os cálculos. O futebol não se limita a uma conta ou outra, e, justamente por isso, é o disparate mais amado e odiado no mundo. Não há lógica e coerência. Apenas o sentimento incondicional de ver o clube do coração vencer, não sem antes sofrer e tremer de medo frente à iminência da derrota. Mas tentemos analisar com razão um esporte que de racional nada tem. Não fosse passional, o futebol não seria o que é. Seria, sim, uma modalidade qualquer, como o mais chocho dos esportes.

A situação do Palmeiras é terrível, e não faltam palpiteiros e torcedores a jogar a toalha, decretando o segundo rebaixamento do alviverde, dez anos depois do insucesso do time de Levir Culpi. O Verdão parece fadado a cair, ainda que esse mesmo futebol já tenha pregado peças em profetas de todos os lados. Nem a imprevisibilidade bretã parece resistir a um Palmeiras tão medonho.

Primeiro, o time é fraco. Em outros tempos, a maior parte dos titulares não serviria como terceira opção. Thiago Heleno, Leandro Amaro, João Denoni, Márcio Araújo, Obina, Luan, Betinho, Patrick – só pra citar os titulares de hoje – são péssimos, e o clube teria dificuldades para retornar à primeira divisão, caso descesse, com um time desses. Valdívia, o Mago, que mais fica fora do que joga, quando atua é nulo, porque não fez gol, nem deu assistência neste Brasileiro-12, e ganha fortunas. Se salvariam Bruno, Henrique, Marcos Assunção e Barcos. Talvez Wesley e Maicon Leite, também, porém pouco atuam por motivo de contusão.


Não nos esqueçamos de Luiz Felipe Scolari, o ex-técnico, que chegou com status de grande campeão e gravado na mente palmeirense como vitorioso na primeira passagem pelo clube, conquistando o êxito mais importante da história da Sociedade Esportiva. Felipão envelheceu, não se atualizou, e percebeu que não dá mais para pegar um time meia-boca – embora nem isso o atual Palmeiras seja – e fazê-lo ganhar. Taticamente, o futebol se encontra em um novo estágio, nível este que Scolari não galgou, parando no tempo com os pré-requisitos da pegada e do incentivo psicológico. Foi conivente com a contratação e escalação de vários desses jogadores.

Mesmo assim, fez o Palmeiras campeão no primeiro semestre. A Copa do Brasil veio, sobre o Coritiba, para tirar um jejum de quatro anos e dar de volta ao clube a vaga na Copa Libertadores do próximo ano. Enganou-se quem julgou o time capaz só pelo troféu ganho, porque em Copas, em partidas mata-matas, um time ruim pode fazer um jogo bom, abrir confortável vantagem no primeiro confronto e assegurar a classificação para a fase seguinte. Mesmo sem jogar bem, avança. Nos pontos corridos, se fizer uma ou duas partidas convincentes em meio a uma série, encalha ou afunda.

Perder os mandos só tornou mais dramática a trajetória no campeonato. Por culpa de alguns torcedores, o clube foi punido, tendo que jogar a mais de 150 km da capital. No primeiro teste em Araraquara, derrota ante um concorrente direto, no último minuto, de pênalti, com a crueldade que tem sido pouco amiga do Porco. Sair de São Paulo, a essa altura da competição, foi mais uma pá de terra na cova. Convenhamos, a torcida paulistana é bem mais vibrante a numerosa que a interiorana. O povo daqui é mais quieto, sossegado e, neste caso, intercede menos em prol do time. Na atual conjuntura, o Palmeiras necessita que a massa empurre os jogadores para frente, à vitória.


Politicamente, o clube está esfacelado. Não há unidade, o discurso diverge e não existe no Palmeiras a dedicação de todos à entidade. Os grupos se viram contra a instituição, em favor de seus interesses. Aparentemente, boa índole não faltou a Tirone e Belluzzo, atual e último ex-presidente do clube, mas a falta de capacidade administrativa de ambos somada ao esforço dos grupos oposicionistas em tumultuar o ambiente comprometem o Verdão há alguns anos, desde a saída da Parmalat. Contrata-se mal, fazem-se times pouco competitivos e o torcedor sofre.

A tabela do Palmeiras não é nada animadora. Nos oito jogos que restam, na ordem, o time irá enfrentar: Bahia (F), Cruzeiro (C), Internacional (F), Botafogo (C), Fluminense (C), Flamengo (F), Atlético Goianiense (C), Santos (F). A única partida fácil talvez seja a penúltima, contra um Atlético já rebaixado. Além de enfrentar times com alguma pretensão no campeonato, o elenco palmeirense não inspira confiança. Independente dos adversários, é fato que o Palmeiras, enquanto clube, faz um esforço grandioso para ser vexame outra vez.

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